13/09/2021

Por Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy, livre docente, USP: “A proliferação e o acesso do aluno a ferramentas de comunicação, representadas pelo mundo virtual, reforça o valor dessa premissa, o que revela a atemporalidade dos problemas enfrenados por Anísio. Creio que sua maior preocupação era a limitação das condições de vida, que impedia o acesso de milhões de pessoas aos processos de educação formal. Criticava subvenções de toda natureza para atividades educacionais “sem nexo nem ordem, puramente paternalistas ou francamente eleitoreiras”.

A pandemia da Covid-19 realça alguns desses problemas. As limitações de acesso a aulas não presenciais, em todos os níveis, é um fator de discriminação, cujos reflexos já sentimos. Ainda de acordo com Anísio, “os métodos eficientes em educação são aqueles que dão alguma coisa a fazer, e como fazer demanda reflexão e observação, e o resultado é alguma coisa aprendida”.

A eficiência da educação predica no aprendizado. Este pressupõe tarefas, no sentido não burocrático da expressão. Tarefas pressupõem o estímulo. E o estímulo se constrói com o interesse, que radica no afeto pelo que queremos aprender. A grande missão educacional, nesse sentido, consiste na magia arcana de se despertar no aluno o gosto pelo estudo. É a origem da expressão “de cor”, que suscita menos uma memorização mecânica, e muito mais uma ação “de coração”, onde metaforicamente residem o afeto e o amor. Talvez essa constatação, entre tantas outras, seja a grande lição desse notável educador”.

Conjur; 12/09
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