04/08/2020

Por Renata Cafardo

“Com o início do segundo semestre, a volta às aulas torna-se o centro da discussão da pandemia no Brasil e no mundo. A ciência tem dito que é possível retornar, desde que com segurança. Isso porque estudos preliminares mostram que as crianças se infectam menos e transmitem menos a doença. Os educadores enumeram as perdas: prejuízos à aprendizagem, à convivência social e até o risco de danos graves à saúde mental e à nutrição dos alunos. Mas incertezas quanto ao enfrentamento da pandemia, à dificuldade de crianças cumprirem regras sanitárias e o número de infectados no País fazem pais e professores se sentirem inseguros para voltarem às escolas.

Os últimos dados do Ministério da Saúde mostram que 585 crianças e adolescentes menores de 19 anos morreram por covid-19 desde o início da pandemia no Brasil. O País passou de 90 mil mortos. Cerca de 5 mil foram hospitalizadas. Estudos de casos na China, Austrália, Finlândia, Irlanda e Espanha indicam que as crianças não transmitem coronavírus tanto quanto os adultos. Eles fazem referências diretas às escolas, com títulos como “a criança não é culpada” ou conclusões de que as instituições de ensino têm baixo risco de contaminação, o que fez a Sociedade Americana de Pediatria pedir o retorno às aulas nos EUA. Se um pai tem o direito de não enviar seu filho à escola por receio de que este não estará seguro, como devem agir os professores caso tenham o mesmo receio?”

Pouco mais de dez países já abriram suas escolas, entre eles França, Alemanha e Austrália, mas 1 bilhão de alunos no mundo (60% do total) ainda estão sem aulas, segundo a Unesco. A Europa voltou a ter aumento de casos, mas não se sabe se há relação com o retorno, já que escolas fecharam novamente para férias e restaurantes e praias estão abertos. Em Israel, escolas reabriram em maio e tiveram de adiantar férias porque o número de infectados cresceu. O tema também é polêmico nos EUA, onde Estados como Nova York e Flórida retomarão aulas presenciais, mas cidades como Los Angeles e San Diego continuarão com ensino remoto”.

Estadão