21/05/2018

Estamos hoje em um período da História humana, onde não se pode negar toda a valorização do homem e do seu pensamento, minimamente desde o Renascimento do século XVI, onde o individualismo e o racionalismo aparecem como duas das características marcantes do Movimento Renascentista

Entendemos que essa individualidade, somada ao desenvolvimento da ciência e da razão, nos faz pensar em mundo onde as relações sociais são necessárias dentro de um contexto daquilo que faz o homem ser um ser social e sociável , e um dos lugares que desenvolve esses aspectos de conduta humana, através de ideias e reflexões, através de metodologias e práticas de ensino-aprendizagem é a Escola, como núcleo de formação para a vida em sociedade.

Nesse aspecto, não pode existir uma Escola que não seja partidária, pois a educação é sim partidária. Partidária do conhecimento, onde não se pode negar por exemplo, historicamente, os acontecimentos que levaram à Revolução Francesa, ao desenvolvimento do Liberalismo econômico e político, à criação e fortalecimento do Nazismo e do Stalinismo, às revoltas sociais de cunho regional, nacionalista e separatista no Brasil, como a Aclamação de Amador Bueno, a Inconfidência Mineira, a Revolta da Chibata, a Revolta da Vacina, a Revolta dos Malês e dos Cocheiros e tantos outros movimentos, não só do Brasil, mas pelo mundo afora, comprovados e relatados através de uma vasta documentação.

No que se refere ao processo educacional, o Professor possui em sua formação, vários aspectos metodológicos e didáticos, que são carregados de um conhecimento científico, devido a apropriação e a sistematização de várias leituras durante a sua formação e carreira na educação.

Socialmente não se cerceia conhecimento, a menos que seja em outros segmentos, como por exemplo  o religioso, onde, ai sim, as Igrejas Cristãs e Protestantes, as Mesquitas Muçulmanas, os locais de cultos Judaizantes e Presbiterianos, se tornam partidários e com claras tendências de manifestação monocrática de seus dogmas e valores, levando as pessoas a seguirem seus mandamentos e, ao contrário, a Escola é um núcleo pensante em pluralidade, sendo um lugar onde se desenvolve ideias e reflexões, dentro de um contexto múltiplo para o ensino e aprendizagem.

Além disso, a escola desenvolve a noção de coletivismo, já que somos homens gregários e necessitamos da convivência uns com os outros. A escola proporciona estes espaços de convivência para além da carga horária regulamentar, sendo a criança  e a comunidade em que vive, inseridas  em Grêmios Estudantis, Conselhos de Escola, Associação de Pais e Mestres, os quais estabelecem um diálogo muito próximo aos moradores e toda a problemática vivida no entorno do espaço escolar.

Um outro aspecto  a ser levado em consideração é o fato de que a Escola não pode ser um local de um Civismo Positivista, xenófobo e etnocentrico. No cotidiano, esta situação leva, em   diferentes e diversos locais, a práticas de exclusão. Citamos a exclusão que acontece com as várias etnias  que tentam chegar à Europa e são impedidas de entrar. Exclusão que também ocorre com os Curdos no norte da Síria, que não conseguem sua autonomia regional,  com os africanos que serviram de mão-de-obra na França e agora começam a não ser reconhecidos como cidadãos franceses ou com os venezuelanos que não podem entrar no Brasil e tantos outros casos, em que o Civismo regional impõe uma negativa de auxílio à outros povos. Temos que pensar que somos cidadãos do mundo.

Toda e qualquer atitude de  conservadorismo e de censura sobre aquilo que é humano e suas representações , como o teatro, a música, a arte e principalmente a liberdade que a educação possui, deve ser abolida, pois põe em risco estes fatores de construção de cidadania, indo contra o que a sociedade humana alcançou até hoje no que diz respeito a formação e desenvolvimento do homem social.

A ideia destes grupos conservadores é a de que  professores ficam  militando partidariamente e ideologicamente em suas aulas, o que no mínimo é um contrassenso, pois o que o professor faz é trazer um conhecimento que possa gerar reflexões de caráter pessoal e coletivo, formando homens letrados e cultos para a vida social.

Essa Escola Sem Partido, que já havia sido idealizada em décadas passadas e  ganhou força com os movimentos de rua, como o MBL, só faz reproduzir a censura civil, sem nenhum caráter de diálogo, através da opressão e não da construção de uma sociedade mais justa. Não se presta a averiguar os abusos  que os professores  tem sofrido nas escolas, com salas superlotadas e com o sucateamento das instalações,  com a retirada de direitos historicamente adquiridos nas últimas décadas, em nome do lucro do capital privado e da exploração daquilo que é público, além disso, não luta por um questionamento contra a corrupção e os abusos de autoridade em nosso País.

Nós, professores e educadores das redes particular e pública de ensino, temos partido sim, somos partidários do conhecimento científico, racional e construtor da personalidade humana, portanto, temos posições que são explicadas pela Filosofia, pela Antropologia, pela Biologia, pela Matemática, pela Sociologia e tantas outras ciências que nos embriagam do saber a ser ensinado e entendemos que esse movimento “Escola Sem Partido”, está distante desses conhecimentos e, com suas censuras e posicionamentos repressivos, não colaboram para os avanços democráticos, sociais e da cidadania.

Diretoria SINPRO SANTOS