20/05/2022

Qualquer pessoa que tenha sido vítima de bullying quando criança entenderá os sentimentos de vergonha que este tipo de experiência pode trazer. E as consequências não param por aí.

Pesquisas recentes sugerem que os efeitos do bullying infantil podem durar décadas, com mudanças duradouras que podem nos colocar em maior risco de problemas de saúde mental e físicos.

Tais descobertas estão levando um número cada vez maior de educadores a mudar seu ponto de vista sobre o bullying —de um elemento inevitável do crescimento para uma violação dos direitos humanos das crianças.

“As pessoas costumavam pensar que o bullying nas escolas é um comportamento normal e que, em alguns casos, poderia até ser algo bom —porque forma o caráter”, explica Louise Arseneault, professora de psicologia do desenvolvimento da Universidade King’s College London, no Reino Unido.

“Demorou muito tempo para [os pesquisadores] começarem a considerar o comportamento de bullying como algo que pode ser realmente prejudicial”.

Diante desta mudança de mentalidade, muitos pesquisadores estão testando vários programas para combater o bullying —com algumas estratégias novas animadoras para criar um ambiente escolar mais gentil.

Se for o caso, o pai ou responsável deve iniciar uma conversa com a escola, que deve elaborar imediatamente um plano para garantir que a criança se sinta segura.

“A primeira coisa é se concentrar nessa criança e em suas experiências.”

Crescer raramente será fácil: as crianças e os adolescentes estão aprendendo a gerenciar as relações sociais e isso virá acompanhado de mágoa e aborrecimento.

Mas, como adultos, podemos fazer um trabalho muito melhor ensinando às crianças que certos tipos de comportamento nunca são aceitáveis: não há ninguém para culpar, a não ser os próprios agressores.

Estas lições poderiam ter um impacto generalizado na saúde e na felicidade de muitas gerações futuras.

Folha de S. Paulo; 19/05
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