18/01/2023

ChatGPT. Não se fala sobre outro assunto no Vale do Silício. Desde que a OpenAI, um dos laboratórios de inteligência artificial mais ambiciosos do mundo, abriu o acesso de seu chat ao público no final de 2022, a discussão sobre inteligência artificial passou a dominar as conversas no principal polo de tecnologia do mundo.

A ferramenta funciona como um bate-papo em que é possível fazer perguntas ou dar instruções. Treinado com grandes volumes de textos e baseado em uma arquitetura de redes neurais, o ChatGPT tem capacidade de compreender e gerar linguagem natural em diferentes contextos.

Para mostrar como funciona a inteligência artificial do ChatGPT e o grau de complexidade de suas respostas, [o repórter Mateus Camilo da Folha de S. Paulo] decidiu entrevistá-la. A entrevista durou cerca de vinte minutos e foi feita na madrugada de terça-feira, 17 de janeiro. As perguntas e respostas foram mantidas sem edição.

A partir de agora, eu serei um jornalista entrevistando o ChatGPT para uma reportagem, ok?
Claro, estou pronto para ajudá-lo com sua reportagem. O que gostaria de perguntar?

Como você se define?
Eu me defino como um modelo de linguagem de inteligência artificial, treinado para compreender e gerar linguagem natural. Utilizo uma arquitetura baseada em redes neurais, especificamente uma rede neural auto-condicionada, para realizar tarefas como escrever notícias, gerar respostas automatizadas, traduzir textos e gerar código. Além disso, a minha capacidade de aprender e me adaptar ao contexto me permite ser útil em uma variedade de aplicações e indústrias.

A discussão atualmente tem sido que o ChatGPT pode ser a principal evolução da década de 2020, e a maior desde a internet. Você concorda?
É certo que o ChatGPT e outros modelos de inteligência artificial têm o potencial de ser uma das principais evoluções tecnológicas da década de 2020. Eles têm a capacidade de automatizar tarefas que antes eram realizadas exclusivamente por humanos, como escrita, tradução e análise de dados, o que pode ter um impacto significativo na forma como vivemos e trabalhamos. Além disso, a capacidade de aprender e se adaptar ao contexto, torna esses modelos cada vez mais valiosos para empresas e indústrias.

No entanto, é importante notar que essa tecnologia ainda está em desenvolvimento e que ainda há desafios a serem resolvidos, como o impacto na empregabilidade, privacidade e ética. Então, ainda é cedo para afirmar que o ChatGPT é a maior desde a internet, mas sem dúvida é uma das tecnologias mais promissoras e está revolucionando como processamos e geramos informação.

Educação digital é algo difícil de ser implementado. As redes sociais permitiram uma verdadeira indústria da desinformação. Hoje há brasileiros vivendo em uma realidade paralela, acreditando que as urnas foram fraudadas, que há um governo comunista no país que vai lhe tomar o imóvel, etc. Como fazer essa educação sobre inteligência artificial, que é uma ferramenta ainda mais complexa e com um dano destruidor possivelmente maior?
Educação sobre inteligência artificial pode ser desafiadora, especialmente em um mundo onde a desinformação e a polarização estão se tornando cada vez mais comuns. No entanto, há algumas abordagens que podem ser consideradas para garantir que as pessoas tenham acesso a informações precisas e confiáveis sobre inteligência artificial:

– Educação formal: Incorporar a educação sobre inteligência artificial nos currículos escolares é uma forma de garantir que as pessoas tenham acesso a informações precisas e confiáveis sobre a tecnologia desde uma idade jovem. Isso pode incluir disciplinas como ciência da computação, ética da tecnologia e análise de dados.

– Educação não formal: Criar programas de educação não formal, como workshops, cursos online e eventos comunitários, pode ajudar a disseminar informações precisas e confiáveis sobre inteligência artificial para adultos e outros que não estão mais em idade escolar.

– Transparência: As empresas e organizações devem ser transparentes sobre como estão usando inteligência artificial, incluindo os algoritmos que estão sendo usados, os dados que estão sendo coletados e como estão lidando com questões éticas. Isso ajuda a construir confiança e a garantir que as pessoas entendam como a tecnologia está sendo usada.

– Mídia responsável: A mídia tem um papel importante a desempenhar na disseminação de informações precisas e confiáveis sobre inteligência artificial e também na identificação e combate à desinformação.

– Diálogo aberto: É importante promover um diálogo aberto e inclusivo sobre inteligência artificial, onde diferentes perspectivas e opiniões possam ser compartilhadas e discutidas. Isso pode ajudar a garantir que a tecnologia seja desenvolvida e usada de forma responsável e ética.

É importante notar que esses desafios são complexos e multifacetados e que não existe uma solução única para garantir que a inteligência artificial seja usada de forma responsável e ética. É necessário continuar a discutir esses desafios e encontrar soluções colaborativas e multidisciplinares.

Folha de S. Paulo, 17/01
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