27/09/2021

Por Anna Maria Ribeiro Costa, etnóloga, historiadora, escritora e filatelista: “Para homenagear Paulo Freire, convoco a sacizada de Monteiro Lobato, aquela de “A contagem dos Sacis”. Sacis? Mas o que tem a ver Sacis com Paulo Freire? Por ser adepto ao termo “sulear”, isto é, aos saberes do Sul, dos países abaixo da linha do Equador, Paulo Freire foi praticante do verbo ligado à epistemologia do saber das terras do Sul. Por defender e valorizar a identidade nacional, ricamente diversificada, lutou para que a Educação refletisse as vivências regionais/nacionais e para diminuir as marcas do Norte que oprime os povos do Sul. Sua proposta pedagógica dá visibilidade à ótica do Sul, oposta à lógica eurocêntrica dominante, onde o Norte é entendido como referência universal.

Monteiro Lobato iniciou sua vida de escritor em 1918, com o livro “Saci-pererê: resultado de um inquérito” (livro para o público adulto). Em 1921 chegou “O Saci” e, em 1947, “A contagem dos Sacis”, ambos direcionados às crianças e aos adolescentes. E o Saci foi xeretando outros livros de Lobato, em contato com a turma do Sítio do Pica-pau Amarelo.

Em seu centenário, os Sacis, que se reúnem uma vez por ano para que seu chefe faça a contagem, inclusos aqueles que moram no interior de garrafas, mas soltos por conta do censo, têm mais o que fazer. Irão festejar o aniversário do velhinho barbudo com reconhecimento mundial que queria “ser lembrado como um homem que amou profundamente o mundo e as pessoas, os bichos, as árvores, as águas, a vida.”

CircuitoMT; 22/09
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