13/12/2022

Folha de S Paulo, 12/12
https://bit.ly/3FnoTj2

Seis em cada dez artigos científicos publicados por instituições de pesquisa brasileiras têm participação de pesquisadores de universidades federais, as mesmas que têm vivido uma crise financeira em decorrência da falta de verbas.

Isso significa que a dificuldade dessas instituições em arcar com custos da sua manutenção básica, como restaurantes universitários, contratos de transporte, segurança e limpeza, afeta as pesquisas científicas conduzidas no país.

Para se ter uma ideia, em 2002, 4 em cada 10 estudos publicados no Brasil tinham participação das federais, como UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) ou UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

O país conta, hoje, com 68 universidades federais, um terço do total (as demais são estaduais, privadas e municipais). Vinte e cinco federais surgiram de 2002 para cá.

As instituições mais produtivas, as federais do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, estão, também, entre as maiores e mais antigas do país. Elas participaram de cerca de 15 mil artigos científicos no ano passado.

Universidades federais jovens, com menos de 20 anos, no entanto, também têm produção científica significativa. É o caso da UFABC (Universidade Federal do ABC): criada em 2005, ela participou de 1.300 artigos científicos no ano passado.

O contingenciamento de recursos no MEC havia afetado também o pagamento de mais de 200 mil bolsas de pós-graduação da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), agência federal ligada ao MEC que fomenta a pesquisa no país. A situação foi regularizada na última sexta (9).

Bolsas de pesquisa são uma espécie de salário pago a cientistas em formação para que se dediquem com exclusividade ao seu trabalho de pesquisa.

De acordo com dados também tabulados pela Folha, mais da metade das bolsas da Capes na pós-graduação são de estudantes justamente de universidades federais.