16/11/2020

Ao alfabetizar-se, criança refaz caminho da espécie até a forma contemporânea de consciência, conclui estudo com hipóteses formuladas pelo neurocientista Sidarta Ribeiro e equipe multidisciplinar.

Análise de 734 textos e transcrições abrangendo 4.500 anos revela que repetições frequentes caracterizam oralidade de crianças e ameríndios. Elas recuam com a aquisição da escrita, mas persistem na literatura mais antiga e irrompem na fala de psicóticos. Percurso paralelo da humanidade e dos indivíduos letrados até a complexidade reforça papel da leitura como antídoto para a exclusão e a puerilidade das redes sociais.

O que pode haver de parentesco entre os primeiros textos da Antiguidade e a fala de crianças, loucos e ameríndios? A estrutura repetitiva, um fóssil da linguagem oral que a educação plena torna obsoleta e que ressurge como assombração quando a pessoa perde a capacidade de organizar os próprios pensamentos.

Como foram as descobertas
das línguas da antiguidade? Veja aqui

Não foi fácil chegar a essa cápsula de conclusões após ler um dos artigos mais ambiciosos e intrigantes com que topei em quatro décadas de jornalismo científico. O trabalho sairá em dezembro no periódico Trends in Neuroscience and Education, mas está disponível na página da publicação (aqui).

Folha de S. Paulo: https://bit.ly/3pyN1q4