23/05/2017

Os professores têm acompanhado com extrema atenção os desdobramentos da crise política brasileira, em especial em razão dos acontecimentos recentes que parecem ter comprometido de forma irreversível a própria chefia do Estado, tal é a dissolução ética evidenciada pelas denúncias de que o próprio Michel Temer estaria comprometido com a corrupção em seus diversos níveis e envolvido diretamente no acobertamento de irregularidades gravíssimas.

A rigor, desde o desfecho do processo que culminou com o afastamento da presidente eleita Dilma Rousseff, o que se montou em Brasília foi uma espécie de comitê gestor dos interesses privados do empresariado em detrimento das conquistas dos brasileiros inscritas na Constituição de 1988. A disposição desse grupo em dilapidar direitos sociais no âmbito da Previdência e da proteção ao trabalho é de tal forma selvagem que o resultado só poderia ser o que se está observando: um abismo entre o governo e a sociedade, um antagonismo para o qual a única saída parece mesmo ser o afastamento Temer, ainda que ele tenha adotado uma disposição obsessiva em tentar ignorar o tamanho da sua rejeição popular e transformado o Palácio do Planalto,  junto com vários de seus ministros, num covil.

O fato concreto, no entanto, é que Temer transformou-se num usurpador não só pela origem ilegítima de seu mandato; também porque um governante que nega seus compromissos com as normas da ética e age no sentido de pauperizar o direito através de reformas feitas para beneficiar o grande capital, acaba conferindo à sociedade os motivos pelos quais precisa ser afastado do governo.

O risco dessa solução, no entanto, é o de que o país esteja diante de um ouro golpe que se aproveita do sentimento de indignação da opinião publica para um arranjo pelo alto, que garanta a continuidade das reformas arbitrárias pelas mãos de um reduzidíssimo núcleo de conspiradores, como parece já ter acontecido com reuniões quase clandestinas entre representantes dos empresários, do Judiciário e da grande mídia, todos apressados em consumar o mais rápido possível a transição para um governante eleito de forma indireta e certamente comprometido com esses interesses.

A diretoria do SINPRO-Santos entende que os professores devem se opor energicamente a uma solução como essa. É através de sua adesão efetiva aos movimentos populares que querem eleições diretas e gerais que será possível construir o que nos parece ser a única forma de estancar a crise e permitir a formação de um governo de compromisso com os vários segmentos sociais, cuja principal tarefa será evitar que o Brasil continue sendo instrumentalizado pelos interesses responsáveis pela atual crise.

Radicalizar a democracia: Fora Temer! Eleições gerais e diretas já!