22/09/2021

O ensino da história e cultura afro-brasileira na rede de ensino está determinado na Lei nº 10.639 desde 2003. No entanto, as irmãs e professoras Carolina e Fernanda Chagas Schneider vivenciaram a dificuldade de implementar estes conteúdos nas salas de aula de maneira diversificada e multidisciplinar.

Pensando nisso, elas enumeraram na publicação digital “Escola para Todos: promovendo uma educação antirracista”, da Fundação Telefônica Vivo, 10 temas para planos de aula que podem ajudar os professores a cumprir com a obrigatoriedade estabelecida em lei, enquanto trabalham questões antirracistas com os alunos.

O lançamento da publicação aconteceu digitalmente na segunda-feira (20) e contou com a presença da escritora e poeta Conceição Evaristo, tida como um dos mais importantes nomes da literatura brasileira atual.

Ela cobrou um compromisso dos órgãos públicos de educação na implementação de políticas públicas raciais e comentou a importância da iniciativa que inclui a preparação de professores brancos no combate ao racismo nas escolas.

Literatura – Segundo as autoras, a literatura é o ponto de partida das intervenções pedagógicas. Por isso, avaliam ser importante utilizar em aula livros que apresentem o protagonismo negro. Ao trabalhar personagens negros em locais de protagonismo na literatura é possível promover a reflexão sobre a falta de pessoas negras em lugar de destaque nos livros infantis e conhecer personagens de diferentes etnias, que protagonizam histórias diversas.

Representatividade- Trabalhar planos de aula que apresentem pessoas negras de maneira positiva é importante para trazer exemplos do exercício das mais diferentes funções na sociedade, na política, nas artes, na história e em outros campos. Atividades como esta podem ajudar na discussão sobre privilégios, por exemplo.

Estética- A cultura afro-brasileira e africana também é composta esteticamente, com roupas, adornos, elementos religiosos ou culturais. Por isso, é importante discutir sobre cabelos, penteados, uso de turbantes e moda. Também é possível trabalhar as diferentes expressões artísticas em que a estética negra está presente.

Identidade- Ser negro no Brasil não é só sobre cor da pele. A identidade racial no país é uma construção impactada pela história, religião, estética e muito mais, e esta noção pode ser apresentada como modo de fomentar a discussão em sala de aula.

Território – O território é uma parte importante da identidade racial de pessoas pretas e pode ser mostrado como referencial para o desenvolvimento dos povos negros no Brasil e no mundo. Questões como comunidade e berço originário podem ser tratados relacionados à geografia, por exemplo.

Ludicidade- A cultura afro-brasileira e africana se envereda pelas mais diferentes questões históricas do país. Neste plano, os professores apresentam aspectos lúdicos da cultura, como brincadeiras tradicionais dessas origens.

Corporeidade- Os traços físicos de pessoas negras são muitas vezes usados para menosprezar sua aparência. Por isso trabalhar o corpo, suas características físicas e seus movimentos, assim como o ser e estar no mundo como pessoa negra, é um elemento de importância para explicar e combater o racismo em sala de aula.

Musicalidade- Aqui, a música como uma forma de expressão da cultura negra é priorizada. Discutir a importância da música como elemento de resistência cultural e apresentar as ramificações dos ritmos, instrumentos e sonoridade ajudam a compreender a importância musical da cultura negra.

Religiosidade- Apresentar aos alunos as diferentes religiões de matriz africana, as mitologias e visões originadas do continente africano. Trabalhar o não preconceito a religiões não cristãs e discutir o respeito à crenças alheias.

Antirracismo- Por fim, trabalhar a discussão focada na desconstrução do racismo, pontuando a importância da participação de pessoas não negras na luta pela igualdade.

G1; 21/09
https://glo.bo/39sLScI