12/11/2021

Por Cristiano Fretta, professor: “O discurso neoliberal, arrojado, repleto de vocabulários novos e trespassado pela ideologia empreendedora contrasta com a massa de trabalhadores cuja precarização remonta a condições pré-industriais. No Brasil, isso fica ainda mais evidente: em uma sociedade colonizada até os ossos, desigual até o último centavo e ainda assim crente no mérito individual como ferramenta de ascensão social e, portanto, também de libertação das amarras de um suposto Estado opressor e burocrático, a crença no empreendedorismo salvador acaba por funcionar como uma forma de ocultar e glorificar a autoexploração sem limites.

Mais do que nunca os valores precisam ser humanos, e não apenas financeiros. Dessa forma, é necessário que todos os atores envolvidos na educação básica estejam atentos a essas mudanças, pois elas não ocorrem subitamente. E, quanto mais lentas elas se impõem, mais imperceptíveis elas se parecem. A educação básica precisará ser um ambiente de resistência não no sentido político ideológico puro e simples, mas sim em um sentido mais amplo: que a educação não seja um ambiente maleável na mão dos interesses do lucro puro e simples, mas sim que ela exerça uma autonomia capaz de trabalhar em prol da diminuição dos contrastes de nossa sociedade”.

Extra Classe; 12/11
https://www.extraclasse.org.br/opiniao/2021/11/uberizacao-da-educacao-basica-a-ultima-fronteira/