03/06/2022

Mas por que tanto ódio? Por que tanta violência na comunicação? Por que não conseguimos ouvir a opinião de quem pensa diferente de nós sem partir para agressão? Estamos mesmo usando bem a nossa liberdade de expressão ou apenas destilando ódio contra tudo e todos?

Por Patricia Blanco, presidente do Instituto Palavra Aberta – Identificar a linha tênue que estabelece os limites entre a liberdade de expressão e o discurso de ódio na internet é sempre controverso, mas necessário e cada vez mais urgente. De um lado, o princípio democrático da livre expressão exige das pessoas uma predisposição para dialogar com ideias que consideram ofensivas e até mesmo perturbadoras. De outro, é preciso identificar, coibir e punir delitos contra a honra, apologia ao crime e a prática discriminatória ou incitação a ela.

Busco ter uma visão otimista. Acredito que a educação pode, sim, transformar as pessoas e torná-las mais humanas e empáticas. Até porque o que vemos exposto nas redes sociais não retrata o que a maioria de nós acredita ou pratica. A massa silenciosa ainda é maioria. O que não dá mais é continuarmos sendo dominados por uma minoria barulhenta e violenta que reduz o ambiente digital a uma verdadeira arena de rinha, calando as vozes divergentes e impondo a cultura da auto-censura e do cancelamento.

No interesse de proteger os direitos de todos, podemos —e devemos— trabalhar juntos para combater o discurso de ódio sem silenciar a liberdade de expressão e os benefícios que ela traz para a democracia, para o desenvolvimento do bem-estar social e para a preservação dos direitos humanos.

Folha de S. Paulo; 02/06
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