21/05/2021

Logo após a Organização Mundial da Saúde decretar a pandemia do novo coronavírus, em março de 2020, centenas de mensagens sobre “sonhos estranhos” abarrotaram as redes sociais. As pessoas contavam que estavam sonhando e lembrando mais dos sonhos, que esses pareciam mais vívidos e reais do que nunca. O livro “Sonhos Confinados – o que Sonham os Brasileiros em Tempos de Pandemia” (Autêntica, 272 págs., R$ 59,80), comprova o fenômeno e mostra que a atividade onírica revela-se um sinalizador sensível não só da vida psíquica, mas também da vida social nesse período.

Organizado pelos psicanalistas Christian Dunker, Cláudia Perrone, Gilson Iannini (na foto), Miriam Debieux Rosa e Rose Gurski, o livro reúne pesquisas realizadas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), articulando a temática dos sonhos com política e psicanálise.

Os sonhos foram coletados por meio de formulários divulgados em mídias e redes sociais, totalizando mais de mil relatos em 2020. Uma parte dessa amostra, cerca de 10%, foi acompanhada pela escuta individual dos sonhadores, que foram estimulados a tecer associações livres dos sonhos com aspectos de suas vidas.

“Uma das funções dos sonhos é levar o inconsciente a ajudar nosso consciente a se organizar. Por isso, eles tendem a ser mais fortes nos momentos de transformação. Na pandemia, todo mundo, de alguma maneira, está passando por mudanças, seja de rotina, de perspectivas, sem falar no medo, nas perdas, nos impactos do campo coletivo. Daí que o inconsciente precisa trabalhar mais para dar conta disso”, explica.

Valor Econômico; 21/05
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