01/04/2022

 

Por Laura Mattos, mestre pela USP, autora de ‘Os Bastidores da Censura à TV na Ditadura’:  “O site do movimento Escola sem Partido, apoiado por Bolsonaro, é transparente sobre o que pensa sobre a liberdade em sala de aula, ou melhor, sobre a falta dela: “Dentro da escola, nem professores, nem alunos têm direito à livre manifestação do pensamento”. Essa concepção surreal, que ignora que a educação só é possível com a livre troca de pensamentos e opiniões, fica evidente com a história de Campinas, um resumo, infelizmente, do que se passa nestes últimos anos em escolas do país inteiro.

Nesse clima de inquisição, será que os professores debatem em aula, sem receio, a censura imposta a artistas do Lollapalooza a pedido do partido do presidente? E o aniversário do golpe, as mortes e a tortura? Ou teriam eles que “celebrar” o “movimento” que “pacificou e reorganizou” o país para “garantir as liberdades democráticas” e foi um “marco histórico”, como defendeu, neste 31 de março e no do ano passado, o ministro Braga Netto, que deverá ser o vice na chapa bolsonarista?

Será que o Ministério da Educação tem alguma orientação para a aula de hoje? Ou, para definir o que ensinar aos alunos, é melhor pedir instruções diretamente aos pastores que Bolsonaro indicou para comandar as verbas públicas da educação?

Folha de S. Paulo; 31/03
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